Sempre complicado cravar que fulano é “o melhor”, “o maior” ou “o mais representativo” em determinada área. Ainda mais quando o assunto em questão é arte. Mas acho que aqui vale o esforço: nos quadrinhos, ninguém desenha de forma tão grandiosa quanto Phillippe Druillet.
No alto de seus 71 anos de idade, o francês tem muita história pra contar. Ajudou a fundar duas verdadeiras instituições que mudaram para sempre os quadrinhos na Europa e nos Estados Unidos: a editora Les Humanoïdes Associés e a revista Métal Hurland – famosa pela alcunha que ganhou ao ser publicada em terras ianques: Heavy Metal.
Não contente, criou algumas das mais bizarras óperas espaciais jamais feitas (Salammbô, Gail, La Nuit), incluindo seu magnus opus: as experimentações narrativas com o personagem Lone Sloane, um aventureiro multidimensional, um Ulysses da ficção científica. Em todas essas obras, muito se vê a escola seguida por Jim Steranko. Os quadros não são mais um limitação para o desenho, que ganha fortes características tridimensionais, com perspectivas alucinantes.
E essa é o ponto chave quando se fala em Druillet: perspectiva. Os cenários traçados por ele são tão grandes que nenhuma escala métrica poderia medi-los. O artista nos força a entrar em contato com a vastidão espacial, relembrando o quão pequena é a aventura humana em nosso pequeno planeta.
Alguns exemplos dessa arte estonteante estão abaixo (clique nas imagens para aumentá-las). A quantidade de detalhes que Druillet insere em seus desenhos impressiona. O que está láááá no fundo é tão importante quanto aquilo em primeiro plano. É o barroco aplicado aos quadrinhos.
(Na verdade, esse post foi só uma desculpa para comemorar a reedição americana das aventuras de Lone Sloane. O primeiro volume, The 6 Voyages of Lone Sloane, acabou de ser publicado pela Titan Comics e está disponível na Amazon brasileira por um preço bem razoável. Material perfeito para entrar no catálogo da editora Nemo em nosso País. Vamos torcer.)