O altíssimo nível intelectual de Alan Moore é notório. Seu conhecimento enciclopédico sobre quadrinhos o permitiu recontar e reformular décadas de cronologia do Superman na série Supremo, da editora Image. O personagem já era uma simples cópia burra e musculosa do kryptoniano símbolo da DC Comics; Moore apenas o usou para homenagear o primeiro dos super-heróis. Da paixão pelas revistas de aventura dos anos 1930 e 1940, surgiu Tom Strong, publicado pela America’s Best Comics, recheada de macacos falantes, robôs ajudantes, aventuras em dimensões paralelas.
Em Watchmen, V de Vingança e A Liga Extraordinária, estão alguns dos maiores exemplos do enorme lastro cultural do “rouxinol de Northampton”: tramas repletas de citações à arte, ciência, política, filosofia. Estão lá, do psiquiatra Carl Gustav Jung ao pintor Max Ernst, do cantor Bob Dylan ao escritor Arthur Conan Doyle, do poeta William Blake à Bíblia. Não se pode esquecer também de Do Inferno, tratado antropológico sobre a Inglaterra vitoriana.
É, então, bastante curioso que um grande interesse de Moore seja algo tão mundano quanto a pornografia. Sua obra Lost Girls narra de forma explícita as aventuras sexuais de Alice (Alice no País das Maravilhas), Dorothy (O Mágico de Oz) e Wendy (Peter Pan). A prova do quão versado é no assunto, no entanto, está em um artigo escrito para a Arthur Magazine, em 2006, intitulado Bog venus versus nazi cock-ring (algo como “Vênus do pântano versus anel peniano nazista”).
Com bom-humor, acidez e invejável capacidade analítica, Moore inicia sua jornada lá nos homens das cavernas para tentar elucidar qual o lugar da pornografia na história humana e a relação dela com o surgimento de sociedades repressoras. A leitura é longuíssima – mais de 70 mil caracteres, talvez até maior que um texto da revista piauí -, mas vale cada palavra.
O artigo na íntegra e em português, com tradução de Isabella Ferraro, está disponível no site Fatos Surreais, neste link.
OBS: Bog venus versus nazi cock-ring foi publicado em formato de livro lá nos Estados Unidos.
Sem contar o Hermetismo difundido em Promethea, mostrando o misticismo ocultista que ele tem como fé, por assim dizer.
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Brunão, ainda não li Promothea. Mas falam que é uma tese de doutorado sobre magia!
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Lhe empresto, se quiser. Pena que aqui no Brasil só lançou o volume 1, e meu inglês não é tão bom pra entender o que esse louco escreve. Hehehe.
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O “Bog Venus” também saiu em livro: http://www.amazon.com/25-000-Years-Erotic-Freedom/dp/081094846X
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Boa, Érico! Não sabia dessa edição.
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valeu no mínimo pelo link do texto traduzido lá no fatos surreais, muito obrigado!!!
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Valeu, Robson!!
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